![](https://i0.wp.com/anacardim.art/wp-content/uploads/2024/11/DSF2252.jpg?resize=1024%2C326&ssl=1)
Saco 1
Elle est retrouvée!
Quoi? L’éternité.
C’est la mer melée
Au soleill
Arthur Rimbaud
Saco 2
Um bosque virgem, assustador de tanta vida.
Um abismo de incredulidade olha-me
Da terra quente do teu colo
Encarno a vibração dos teus olhos, e sou
Apenas a alteração de cor de uma folha ao vento
Ricardo Norte
Saco 3
No silêncio do mundo dorme um deus
Que o nosso amor não chega para acordar
Alberto de Lacerda
Saco 4
Fico entre o céu e a terra.
Choro só para dentro.
Sou como a árvore nua
Que ao alto os ramos indica:
Ergue as asas, mas não voa,
Tem raízes, mas não desce
Alberto de Lacerda
Saco 5
Reconheces-me tu, ar, tu, ainda cheio de
Lugares que foram meus outrora?
Tu, um dia casca lisa,
Rotundidade e folha de palavras minhas
Rainer Maria Rilke
No desassossego do trânsito intelectual, o bálsamo vindo de um mundo sempre imanente á sociedade, a poesia da terra mesmo camuflada pelo smog citadino, persiste, lixo de um coração enlutado pelo cimento. Nestes sacos vão os detritos de um corpo adormecido á beira-mar.
Liliana Alves