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Saco 1

Elle est retrouvée!

Quoi? L’éternité.

C’est la mer melée

Au soleill

                                  Arthur Rimbaud

Saco 2

Um bosque virgem, assustador de tanta vida.

Um abismo de incredulidade olha-me

Da terra quente do teu colo

Encarno a vibração dos teus olhos, e sou

Apenas a alteração de cor de uma folha ao vento

                                      Ricardo Norte

Saco 3

No silêncio do mundo dorme um deus

Que o nosso amor não chega para acordar

                                    Alberto de Lacerda

Saco 4

Fico entre o céu e a terra.

Choro só para dentro.

Sou como a árvore nua

Que ao alto os ramos indica:

Ergue as asas, mas não voa,

Tem raízes, mas não desce

                                     Alberto de Lacerda

Saco 5

Reconheces-me tu, ar, tu, ainda cheio de

Lugares que foram meus outrora?

Tu, um dia casca lisa,

Rotundidade e folha de palavras minhas

                                     Rainer Maria Rilke

No desassossego do trânsito intelectual, o bálsamo vindo de um mundo sempre imanente á sociedade, a poesia da terra mesmo camuflada pelo smog citadino, persiste, lixo de um coração enlutado pelo cimento. Nestes sacos vão os detritos de um corpo adormecido á beira-mar.

                                                                                       Liliana Alves